As Origens da Vila Itororó:
Suas origens confundem-se com a história das artes cênicas da cidade de São Paulo: O Teatro São José. Este foi um imponente teatro de nossa cidade, que ficava onde hoje está o edifício do Shopping Light , e que em 1917 foi tomado por um grande incêndio em seu interior que fez com que seu telhado e construções internas desabarassem, restando apenas as paredes e decorações externas como colunas gregas, esculturas e vitrais que foram todas arrematadas pelo comerciante português Francisco de Castro que transportou todo o material da demolição do teatro para seu terreno de 4500 metros quadrados na região da Bela Vista.
Em pouco tempo – precisamente em 1922 ano da semana de arte moderna – estava inaugurada a Vila Itororó, a primeira obra de engenharia brasileira feita quase que totalmente de material reciclado de outra construção.
A Vila Itororó leva este nome em homenagem à nascente do Riacho do Itororó – que ficava onde hoje se encontra a avenida 23 de maio – e que abastecia a piscina da vila, a primeira particular de São Paulo.
O ecletismo da vila logo chamou a atenção de toda a população, devido às estátuas de teatro que ficam no anexo à esquerda da casa principal, dos leões que guardam a entrada da mansão e dos inúmeros adornos que foram trazidos do teatro demolido para lá. Ainda destacam o local vários vitrais circulares que decoram a mansão, cada um com um brasão real europeu, além dos brasões da cidade e do Estado de São Paulo, e do antigo império brasileiro. Na sala principal da mansão, gárgulas decoram o ambiente.
Na entrada é possível também encontrar dois leões de estilo assírio-babilônico e a belíssima e exótica estátua de bronze da Deusa da Prosperidade.
A vila foi inteligentemente planejada para ser auto-sustentável. No total, fora a mansão de Castro, existem outras 35 casas que eram alugadas por ele gerando uma confortável renda. A inquilina mais antiga do local atualmente, está ali desde o final da década de 40. Além disso, o anexo à direita da vila foi planejado para ser um teatro popular, o que acabou nunca acontecendo.
Os problemas da vila começaram em meados da década de 50, quando Francisco de Castro faleceu e não deixou herdeiros. Suas empresas e bens foram leiloados entre seus inúmeros credores e a vila foi junto. Duas décadas mais tarde, o complexo foi doado a Instituição Benenficiente Augusto de Oliveira Camargo.
O Árduo Processo de Tombamento:
Apelidado pelos vizinhos de “Castelo do Bexiga” a eclética vila há muito tempo chamava a atenção não só dos moradores da região mas também do poder público que acabou por iniciar o processo de tombamento do local no final da década de 70, até que em 1982 o processo foi concluído pela esfera estadual (Condephaat).
O tombamento que viria para salvar a vila de ruir de uma vez por todas acabou tornando-se uma enorme dor de cabeça para a prefeitura, o governo do estado, moradores da vila e admiradores da magnífica construção. Em virtude disso, mesmo tombado, o bem arrasta-se em polêmicas e discussão até hoje, 27 anos após ter sido iniciado o processo.
Um comentário:
Adorei o vídeo sobre a Vila Itororó, muito lindo, muito bem feito, parabéns!!! Pena um patrimonio daquela dimensão estar tão esquecido!
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